MAGNO RIBEIRO
O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
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Textos

SILÊNCIO VIVO

 

Escrever é criar um vazio,

um espaço onde o mundo não toca,

um canto onde o silêncio cresce

e as palavras flutuam como ecos de nada.

 

A música molda o ar em melodia,

dança nos poros da existência.

A pintura, por sua vez, fixa o instante,

prende o olhar no instante que respira.

Até a escultura, com seu peso eterno,

esculpe no espaço o movimento imóvel.

 

Mas a literatura,

Ah, a literatura não nasce deste plano.

No instante em que é criada,

não prende, não embala, não anima;

ela se move fora do alcance do mundo,

um sonho que só habita o ato de escrevê-la,

um lugar onde o inverossímil encontra sua verdade.

 

Um romance revela verdades travestidas,

um poema sussurra sentimentos que ninguém sente.

E, assim, escrever não é lembrar o mundo,

mas apagá-lo por completo,

desenhando outro universo

onde os sons e os ecos jamais se encontram.

 

Mas nesse vazio há uma espera,

como uma chama oculta entre sombras.

A palavra sonhada deseja encontrar o olhar,

a alma que decifra o que escapa ao comum.

E quando é compreendida, a literatura floresce,

não como verdade, mas como vínculo,

um laço invisível entre quem cria e quem sente,

preenchendo o silêncio com novos sentidos,

fazendo do silêncio um gesto a dois.

 

WITTEMBERGUE MAGNO
Enviado por WITTEMBERGUE MAGNO em 01/08/2025
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