MAGNO RIBEIRO
O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
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O PARADOXO DE DEUS

Há, em Deus, um lugar onde o juízo se dissolve,
e o brotar da compaixão transcende todo porquê.
Mas não é dado ao homem medir
onde termina um
e onde pulsa o outro.

 

A justiça é o eixo invisível do universo,
o equilíbrio que restitui a cada caminho do homem
o peso exato de seus passos.
É o brilho que não oscila,
o verbo que não hesita.

 

A misericórdia, porém, é o desenlace do insondável,
o suspender de todo cálculo,
o dom que desborda o mérito.
Ela não anula a justiça,
apenas a preenche com sua plenitude.

 

E nesse abismo imensurável,
entre o que merecemos
e o que nos é dado,
reside o mistério inexaurível de Deus.

 

Ali, onde termina o cálculo e começa o dom,
confia coração exaurido,
confia como quem repousa
na certeza de que Ele é mais do que a regra.
Porque a misericórdia de Deus é mais vasta que o abismo,
mais real que o castigo,
mais divina que o mérito.

 

Diante de tal paradoxo, a razão se dobra,
mas a fé atravessa pés firmes,
como quem avança entre um mar aberto.

 

Pois crê verdadeiramente
aquele que teme como se não houvesse graça,
mas espera como se não houvesse condenação.

 

WITTEMBERGUE MAGNO
Enviado por WITTEMBERGUE MAGNO em 04/08/2025
Alterado em 04/08/2025
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