MAGNO RIBEIRO
O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
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POEMA COM NOME, A PARTIR DO MEIO

 

Caminho entre escombros e sementes,
sem prometer flor, nem negar o chão.
Sou a pausa antes do sim,
o suspiro que não se conforma com o não.

 

Trago nos ombros o peso do tempo,
e, mesmo cansada, não desisto da aurora.
Sou o intervalo entre a queda e o recomeço,
o sussurro que diz: ainda não é a hora.

 

No meio da dor e da demora,
sou a esperança
não por grito ou certeza,
mas por permanecer onde a alma balança.

 

Habito o coração que tropeça
mas se recusa a endurecer.
Sou o olhar que insiste em ver beleza
mesmo onde não há o que colher.

 

Não sou promessa, sou presença.
Não sou futuro, sou ponte.
Sou a luz que não dissipa a noite,
mas aponta, em silêncio, o horizonte.

 

Entre o medo e a fé,
entre a lágrima e o gesto,
sou o que fica quando tudo parte,
sou o que vibra no que ainda é resto.

 

Não me cultuam os apressados,
nem os que exigem garantias.
Sou a chama no tronco partido,
sou o sim depois de muitas vias.

 

E se me buscares em meio à pressa,
verás que não corro, permaneço.
E se duvidares de mim, ainda assim,
me acharás no recomeço.

 

Porque sou a esperança,
não no fim, não no começo,
mas no meio, onde a alma vacila,
e mesmo assim... prossegue.

WITTEMBERGUE MAGNO
Enviado por WITTEMBERGUE MAGNO em 21/08/2025
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