MAGNO RIBEIRO
O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
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NÃO POR CERTEZA, MAS POR ESCOLHA

 

Nos vales onde a dúvida rasteja,
E o medo tenta fazer morada em mim,
Há um fio tênue, invisível,
Que me sustenta quando oscilo.

 

A minha fé.
Não grita. Não se impõe.
Mas permanece.
Mesmo quando me calo,
Mesmo quando a existência de Deus
Parece se diluir no abismo das perguntas sem resposta.

 

Habita o silêncio da oração esquecida,
O sussurro trêmulo das minhas noites sem sono,
O gesto pequeno que repito por esperança,
O olhar que insiste, mesmo cego,
Em buscar alguma luz.

 

Não é certeza.
É escolha.
Escolha de continuar, mesmo ferido,
De esperar, mesmo sem promessa,
De crer, mesmo quando tudo ao redor grita o contrário.

 

Não tem medida.
Tem profundidade.
É raiz que lanço no invisível,
E flor que brota no improvável.

 

Ergue-me do pó,
Empurra-me contra o vento,
Faz-me ver além da paisagem visível
E confiar onde o mundo apenas passa.

 

Com ela, sou mais que carne e ossos.
Sou espírito em peregrinação.
Sem ela, sou cansaço.
Com ela, sou caminho.
Sem ela, tropeço...
e não me reconheço.

 

Nos territórios transitórios da vida,
Espero algum dia poder ouvir:
A tua fé te salvou!

 

WITTEMBERGUE MAGNO
Enviado por WITTEMBERGUE MAGNO em 22/08/2025
Alterado em 22/08/2025
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