NÃO POR CERTEZA, MAS POR ESCOLHA
Nos vales onde a dúvida rasteja,
E o medo tenta fazer morada em mim,
Há um fio tênue, invisível,
Que me sustenta quando oscilo.
A minha fé.
Não grita. Não se impõe.
Mas permanece.
Mesmo quando me calo,
Mesmo quando a existência de Deus
Parece se diluir no abismo das perguntas sem resposta.
Habita o silêncio da oração esquecida,
O sussurro trêmulo das minhas noites sem sono,
O gesto pequeno que repito por esperança,
O olhar que insiste, mesmo cego,
Em buscar alguma luz.
Não é certeza.
É escolha.
Escolha de continuar, mesmo ferido,
De esperar, mesmo sem promessa,
De crer, mesmo quando tudo ao redor grita o contrário.
Não tem medida.
Tem profundidade.
É raiz que lanço no invisível,
E flor que brota no improvável.
Ergue-me do pó,
Empurra-me contra o vento,
Faz-me ver além da paisagem visível
E confiar onde o mundo apenas passa.
Com ela, sou mais que carne e ossos.
Sou espírito em peregrinação.
Sem ela, sou cansaço.
Com ela, sou caminho.
Sem ela, tropeço...
e não me reconheço.
Nos territórios transitórios da vida,
Espero algum dia poder ouvir:
A tua fé te salvou!