MAGNO RIBEIRO
O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
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LUZ NASCIDA

 

Filha,
quando te vi pela primeira vez,
não me surpreendi.
Foi como lembrar de algo antigo
que nunca vivi, mas sempre soube.

 

Como se o mundo
guardasse teu rosto em segredo,
e só então
me deixasse ver.

 

Não precisei entender-te.
Fiquei em silêncio.
Como se escuta
uma música sem origem,
que a alma reconhece
antes do ouvido.

 

Não quis moldar-te.
Apenas tirei os espinhos,
desviei as pedras,
e esperei que teus pés
inventassem o caminho.

 

Não te prometo certezas.
Ofereço presença.
O silêncio que guarda,
não o que esconde.
A pausa onde o pensamento respira
antes de virar palavra.

 

Haverá dias
em que não saberei guiar.
E mesmo assim
estarei contigo,
como o vento que acompanha a folha:
sem tocar,
mas movendo.

 

E se um dia,
em meio à pressa,
uma leveza sem razão te visitar,
não estranhes.
É amor.

 

Não o meu.
O que passa por mim
só para chegar até a ti.

 

 

Na imagem, a sinopse desta minha Prosa Poética, e no fundo a obra “O nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli

WITTEMBERGUE MAGNO
Enviado por WITTEMBERGUE MAGNO em 26/08/2025
Alterado em 26/08/2025
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