MAGNO RIBEIRO
O poeta é um fingidor, finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente
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Textos

TESTEMUNHANDO A MIM NO INEVITÁVEL

 

Não escolhi a hora,
nem a forma,
nem o pano de fundo.

 

Fui lançado.
Meu nome, uma senha
que não criei.

 

Sou efeito de causas

que o tempo ocultou,
eco de ideias

que nunca me pertenceram.

 

Tudo em mim é caminho
que me antecede.
E também sou trilha
para passos
que não saberei.

 

Entre a carne e a consciência,
sou ponte,
sou flecha,
sou o intervalo entre o antes e o depois.

 

Se o destino for teatro,
sou o ator que sangra
mesmo nas cenas interpretadas.

 

E, como dissera o poeta,
sou fingidor,
fingindo ser dor,
a dor que deveras sinto,
sem saber se é minha
ou do papel.

 

O texto que me coube
não admite emendas visíveis.
Mas nas entrelinhas,
planto dúvidas.

 

Aceito o texto,
não por submissão,
mas por saber
que também escrevo
no modo como caminho.

 

Resisto,
não para vencer,
mas para guardar acesa
a chama quieta
que me sustenta por dentro.

 

E se o fim não for grandioso,

trágico, espetacular?

E se for apenas... natural?

Simples como o gesto de apagar a luz

quando se vai dormir,

 

que se lembre:
estive aqui.
Houve presença, mesmo no efêmero.
E essa presença
não foi ruído,
nem ausência disfarçada,
mas uma assinatura feita com integridade,
e com consciência desperta.

 

No Post, Sinopse dessa Prosa Poética e, no fundo, a obra O Beijo, de Gustav Klimt.

WITTEMBERGUE MAGNO
Enviado por WITTEMBERGUE MAGNO em 28/08/2025
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